Rodrigo Alcon Quintanilla
Sempre tive a crença de que as contradições geram revelações. No caso dessas cenas, a simples e evidente oposição entre natureza e artifício não é suficiente para explicar os detalhes de algumas paisagens; nem o aspecto rizomático da reterritorialização, de certa forma, evidente. Há nelas uma tensão que oscila entre o cinismo, o humor, a ironia e a malicia subjacentes à crudeza de incertas convivências. Estamos diante de acontecimentos singulares surgidos pela modulação de disparidades, entre os interstícios das heterogeneidades que são o pensamento e o sensível.
Penso na genealogia de um bumerangue ou uma moldura de madeira, por exemplo.
Certa vez escutei que Herzog não aturava o clima da Amazônia, lugar indiferente ao nosso trânsito passageiro, cujo organismo está sempre prestes a matar ou morrer. Precisamente, é o convencimento da inexistência dos estados permanentes e a obsessão pela diferença entre o “ser” e o “estar” que detiveram meu flanar diante destas estruturas. E da vontade de extrair uma nova potência a partir de seu conjunto resultaram estas reproduções fotográficas.
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RODRIGO ALCON QUINTANILHA
Sou carioca, como a maioria da minha família paterna, mas passei dezoito anos em Buenos Aires (terra natal de minha mãe) onde cursei Letras e Artes na UBA e me graduei em fotografia na EAV. Em agosto de 2013 me repatriei para coordenar a área de fotografia da revista Setor X, ministrando oficinas de formação de imagens nas Bibliotecas Parque de Rocinha e Manguinhos. No Rio, participei na nona edição do festival Paraty em Foco (2013) e na mostra Espaço Provisório no SESC Ramos (2014).
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