02 | Entrecorte

A+ A-

Mapa da Ciência

Clique para ver a imagem maior

Relationships Among Scientific Paradigms – Pesquisa e layout de nós de Kevin Boyack e Dick Klavans; dados oriundos de Thompson ISI; estratificação de informação, gráficos e tipografia de W. Bradford Paley. Copyright(c) 2006-8 W. Bradford Paley.

 

 

O Mapa da Ciência, também intitulado Relações entre Paradigmas Científicos, é uma parceria dos pesquisadores W. Bradford Paley (estratificação de informação, gráficos e tipografia), Kevin Boyack e Dick Klavans (pesquisa e layout de nós), produzida a partir de dados oriundos da rede de pesquisa Thomson ISI.

O mapa foi construído através da organização de aproximadamente 800.000 artigos científicos provindos de 776 diferentes paradigmas (nós circulares). Esta organização se baseou na regularidade em que diferentes artigos eram citados juntos por autores de outros artigos. Ligações (em linhas curvas) foram desenhadas entre paradigmas que compartilhavam membros comuns, tratados como elásticos que aproximavam paradigmas similares, enquanto em uma simulação física cada paradigma estaria repelindo os demais. O layout deriva diretamente dos dados. Paradigmas maiores têm mais artigos, e as legendas listam as palavras recorrentes de cada paradigma.

A versão mais recente do mapa mostra na borda inferior uma série de pequenos mapas: são expressões das áreas científicas mais proeminentes em cada país. Estes mapas estão detalhados no diagrama As Forças das Nações, onde podemos observar um grande mapa dos investimentos em ciência feitos no Estados Unidos da América, e mapas menores de outras nações. Ao olhar este diagrama, podemos comparar como as nações enfatizam diferentes tópicos.

A ênfase de um país em áreas específicas da ciência é representada pelas linhas e nós coloridos, que só são marcados se o país publicou um número significativo de trabalhos naquela área, além do esperado. Nações que enfatizam na pesquisa interdisciplinar têm mais peso nas longas linhas, que ligam tópicos distantes entre si.

Os Estados Unidos, por exemplo, tende a publicar um número significativo de artigos na área das ciências sociais, ciências médicas e ciências da agricultura. O Canadá tem ênfase na interdisciplinaridade e nas ciências da computação. As duas nações européias que produzem mais publicações científicas (França e Alemanha) se destacam em física e química. Porém, enquanto a França têm mais ênfase nas aplicações em engenharia (representada pelos nós mais próximos ao centro do diagrama), a Alemanha foca nas questões teóricas da física e da química (os nós localizados nas bordas do diagrama). A China têm grande foco nas matemáticas aplicadas (englobando a ciência da computação, engenharia e física aplicada), e o Japão explora mais as áreas médicas e físico-químicas.

E a América Latina? E o Brasil?

Infelizmente ainda não foram contemplados na pesquisa, para a frustação de nossa curiosidade.

Resta também saber por onde andará a arte nesta cartografia do pensamento contemporâneo. Estará ela escondida no interior das ciências sociais ou perdida à deriva, produzindo conhecimento em terras incógnitas1?

 

_____________________________

NOTAS

[1] Este conceito foi desenvolvido no artigo “A Terra Brasilis como Terra Incógnita”, escrito pelo geógrafo André Reyes Novaes e publicado na revista Carbono #01, em dezembro de 2012 e disponível neste link.

 

***

Texto de Marina Fraga, baseado nos escritos de W. Bradford Paley, disponíveis em inglês no seu website.

 

Créditos dos Diagramas:
Pesquisa e layout de nós de Kevin Boyack e Dick Klavans ( http://mapOfScience.com) ; dados oriundos de Thompson ISI; estratificação de informação, gráficos e tipografia de W. Bradford Paley (http://wbpaley.com/brad/). Copyright(c) 2006-8 W. Bradford Paley. Todos os direitos reservados.

 

W. BRADFORD PALEY utiliza computadores para construir displays visuais com o objetivo de criar expressões de dados complexos legíveis, claros e engajadores. Ele criou sua primeira computação gráfica em 1973, fundou a empresa Digital Image Design Incorporated (didi.com/brad) em 1982, e começou a construir visualizações de dados financeiros e estatísticos em 1986. De lá para cá, expôs no Museum of Modern Art; criou o TextArc.org; tem trabalhos na coleção ARTPORT do Whitney Museum of American Art; recebeu muitos prêmios e bolsas tanto em arte quanto em design, e seus designs estão em ação todos os dias nas mãos de corretores da bolsa de valores de Nova York. É professor associado na Columbia University e diretor do Information Esthetics: um recém-criado grupo interdisciplinar que explora a criação e a interpretação de representações de dados a um só tempo legíveis e esteticamente interessantes.