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Pantone

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Pantone

Cristina Lucas

 

Comecei Pantone em 2005 com uma imagem daquele ano e regredi ano a ano recuperando informações, até um ponto em que as culturas de cada continente estavam em plena atividade. Então eu descobri que em 500 a.C. as civilizações Olmecas e Chavin estavam atuando na América; Gregos e Etruscos na Europa; Cartago, Aksum e Kush na África; e o Império Persa, Indianos e dinastias chinesas (sendo a dinastia Han a mais importante) na Ásia.

A fim de obter informações mais precisas eu verifiquei várias fontes, mas eu só encontrei as mais oficiais. Por exemplo, precisei reconstruir a África principalmente através da Enciclopédia Britânica, a América através do Arquivo Geral das Índias, mas tenho usado o atlas político da Universidade Complutense de Madrid e da Universidade de Amsterdã, indicadas por diversos historiadores.

Porém, mesmo quando eu tento fazê-lo o mais preciso possível, a principal razão de fazer esta animação apenas com cores e sem nomes é para ser capaz de refletir sobre nação e identidade, de um outro ponto de vista, estético, através do vídeo.

Pantone é um grande arquivo de padrões de cores, que podemos definir internacionalmente por códigos. Este difícil conceito de “país” é convencionalmente representado por cores em bandeiras, mas também definidos em mapas geográficos.

Meu trabalho “Pantone” é uma animação com as imagens das mudanças dos mapas políticos do ano 500 a.C. até os nossos dias, em 2007. No canto inferior direito temos um contador. Nele podemos ver formas coloridas dos mapas políticos correspondentes ao respectivo ano. A cada segundo aparece um novo ano com suas transformações.

Estas transformações foram feitas por alianças, herança ou mais comumente com o uso da força. Neste Trabalho, guerras violentas se assemelham a coloridas pinturas abstratas em movimento. Um espetáculo estranho e silencioso de eventos históricos.

Como se tivesse vida própria, como um organismo viral, que se espalha e ocupa toda a superfície do planeta Terra, tudo acontece no mesmo momento, sem hierarquia. O que é muito importante em termos de nossa própria história pode ser relativamente pequeno em uma escala global. É impossível para nós apreender o esforço incansável das sociedades para mover as fronteiras e criar novas identidades nacionais.

A performance relacionada a Pantone é sobre isso. Alguns historiadores políticos falam sobre o trabalho e sobre a área que se especializaram, sincronizados com a hora das mudanças na tela. A complexidade e interação da história recente do planeta cria um farfalhar de valor inestimável.

 

Tradução: Chico Fernandes

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CRISTINA LUCAS nasce em 1973 em Madrid. Licenciada em Bellas Artes pela Universidad Complutense, é mestre pela University of California. Estuda, também, na Rijksakademie, em Amsterdam. Participou de diversas individuais como a Delinquere, na Galería Juana de Aizpuru, Madrid, em 2012; Light Years, no Museo Carrillo Gil, México, em 2011; e Talk, no Stedelijk Museum Schiedam, Amsterdam, em 2008. Dentre a exposições coletivas, destacam-se: Demilitations, no Herzliya Museum, Israel, e GENEALOGÍAS FEMINISTAS EN EL ARTE ESPAÑOL: 1960-2010, MUSAC Leon, em 2012; Ensayos de Geopoética, 8 Bienal do Mercosul, Porto Alegre, em 2011; X Bienal de La Habana, Cuba, em 2009.

 

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